Texto de Aninha Franco publicado pela revista Muito de 9 de janeiro de 2011.
Um 2011 terno para todos
Que 2011 chegue terno para acerto de contas, penduradas desde 1549. Que iniba arrogâncias e exponha neurônios.
Que recolha umbigos e mostre corações. Que multiplique a coragem dos humilhados para reagir ao autoritarismo de cada dia, porque ninguém vence na vida dizendo sim quando a resposta é não. Que traga respeito aos sacerdotes dos deuses que descem, dos deuses que falam, dos deuses que encostam para aplacar a dor existência, que maior não há.
Que cubra o primeiro ano da gestão Dilma com o “aroma da antiga inocência”, o aroma Bashô. Que assegure secretários honestos e eficientes ao governador e a primeira-dama, Fátima Mendonça, porque a Bahia perdeu, em 2010, espaços conquistados a duras penas. Que dê olhos, olfato e idéias soteropolitanas ao prefeito João Henrique, que orçou para 2011, com aprovação da câmara, 50 milhões de reais para publicidade e 500 mil reais para cultura numa cidade que vive do turismo.
Que fluo-floresca os senadores Walter, João e Lídice para que eles dividam o céu do Senado com a Bahia, que está apagada, e que Lídice seja a senadora da Educação e da Cultura como pretende. Que pragmatize os gestores do Pelourinho e dê condições de trabalho ao subprefeito, Leal, para que o bairro seja o que é o umbigo da cidade.
Que dê estalos de Vieira, de Ruy Barbosa às desembargadoras do poder judiciário para que elas intimidem a corrupção e o relaxamento. Que cubra de luz o ministério público e dê fulgor aos poetas, aos historiadores, aos intérpretes e aos jornalistas. Que conserve o muito da Muito e esclareça aos avarentos que dinheiro é estrume. Que elucide os miseráveis de que a violência contra seus iguais é a violência contra si mesmo. Que acenda a inteligência, a independência e a honestidade da Câmara de Vereadores e da Assembléia Legislativa com interruptores que devem existir que devem estar em algum lugar. Que apague as reuniões de todas as agendas, as de papel e as eletrônicas. E que, apesar de todas as dificuldades que envolve os pedidos, eles façam pelos que, apesar de tudo, continuam acreditando na bondade humana como Anne, como eu.««
Aninha Franco é jornalista, escritora, dramaturga, direitora do Theatro XVIII e colunista da revista Muito.
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