sábado, 13 de novembro de 2010
Caetano, o que é vaca profana?
Após ver uma comunidade no orkut sobre a música de Caetano veloso, resolvir postar aqui, um análise dessa música.
Vaca Profana- Caetano Veloso
Respeito muito minhas lágrimas Mas ainda mais minha risada Inscrevo, assim, minhas palavras Na voz de uma mulher sagrada Vaca profana, põe teus cornos Pra fora e acima da manada Vaca profana, põe teus cornos Pra fora e acima da man... Ê, ê, ê, ê, ê, Dona das divinas tetas Derrama o leite bom na minha cara E o leite mau na cara dos caretas Segue a "movida Madrileña" Também te mata Barcelona Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks Picassos movem-se por Londres Bahia, onipresentemente Rio e belíssimo horizonte Bahia, onipresentemente Rio e belíssimo horiz... Ê, ê, ê, ê, ê, Vaca de divinas tetas La leche buena toda en mi garganta La mala leche para los "puretas" Quero que pinte um amor Bethânia Stevie Wonder, andaluz Como o que tive em Tel Aviv Perto do mar, longe da cruz Mas em composição cubista Meu mundo Thelonius Monk`s blues Mas em composição cubista Meu mundo Thelonius Monk`s... Ê, ê, ê, ê, ê, Vaca das divinas tetas Teu bom só para o oco, minha falta E o resto inunde as almas dos caretas Sou tímido e espalhafatoso Torre traçada por Gaudi São Paulo é como o mundo todo No mundo, um grande amor perdi Caretas de Paris e New York Sem mágoas, estamos aí Caretas de Paris e New York Sem mágoas estamos a... Ê, ê, ê, ê, ê, Dona das divinas tetas Quero teu leite todo em minha alma Nada de leite mau para os caretas Mas eu também sei ser careta De perto, ninguém é normal Às vezes, segue em linha reta A vida, que é "meu bem, meu mal" No mais, as "ramblas" do planeta "Orchta de chufa, si us plau" No mais, as "ramblas" do planeta "Orchta de chufa, si us... Ê, ê, ê, ê, ê, Deusa de assombrosas tetas Gotas de leite bom na minha cara Chuva do mesmo bom sobre os caretas...
Esta canção mostra a progressão do movimento contra-cultural Movida Madrilena, iniciado na Espanha no final dos anos 70, com seu clímax em 1981. A Arte é aqui representada pela figura da vaca, provavelmente numa analogia à figura da deusa Hathor (egípcia), conhecida como a grande doadora da vida, cujo aspecto mais venerado é na forma da deusa do amor, representada por uma mulher com chifres liriformes ornamentando sua cabeça. Essa deusa foi transformada pelo povo egípcio na encarnação dos prazeres mundanos, pela incapacidade dos mesmos em compreender o mistério contido no seu simbolismo; o seu culto se tornou então um culto profano. “Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada” - A seriedade e a contrição são consideradas pelo autor, mas o prazer é ainda mais importante. ”Inscrevo, assim, minhas palavras, na voz de uma mulher sagrada” - Então ele faz da arte, sua porta voz. “Vaca profana, põe teus cornos, pra fora e acima da manada, vaca profana, põe teus cornos pra fora...” - A arte, então, passa de sagrada a profana, num movimento discordante do padrão. “Ê, ê, ê, ê, ê, dona das divinas tetas, derrama o leite bom na minha cara, e o leite mau na cara dos caretas” - O autor compara a arte à uma divindade que “nutre” a humanidade e quer conhecer este movimento que fervilha, transborda, naquele momento, no mundo. Os demais, que não se interessam ou criticam negativamente, podem continuar “bebendo” (vivendo) de uma arte de “menor”qualidade."
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