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domingo, 26 de setembro de 2010

Luís - O poeta erudito


Hoje acabei de terminar minha leitura, o livro Mais que sempre, é do Poeta e Professor universitário bahiano Luís Antonio Cajazeiras Ramos. Adorei o livro! Apesar de conter uns poemas um pouco vulgar ele sabe como prender a atenção do leitor, isso é o importante.
Abaixo a Biografia do Autor e um poema seu.

Luís Antônio Cajazeira Ramos nasceu em 12 de agosto de 1956 em Salvador, onde ainda mora. É professor da UCSAL (onde é formado em Educação Física e Direito), funcionário do Banco Central do Brasil, membro da OAB, sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e conselheiro editorial da revista Iararana. Tentou ainda os cursos de Engenharia Elétrica e Agronomia, ambos na UFBA, mas os abandonou. Possui poesias em muitas antologias e sempre está a publicar resenhas e poesias em periódicos, cuja listagem de tudo pode ser facilmente encontrada por meios virtuais. Por livros de poesia começou com “Tudo Muito Pouco” em 1983, livro que boa parte da impressão foi queimada pelo autor. Voltou com “Fiat Breu” em 1996 e “Como Se” em 1999, que lhe rendeu menção honrosa do prêmio nacional Cruz e Sousa. Em 2002 saiu “Temporal Temporal”, que recebeu o prêmio Gregório de Matos promovido pela Academia de Letras da Bahia, e em 2007 lançou “Mais que Sempre”, sendo este uma coletânea feita por Cajazeira para comemorar seus cinqüenta anos, acrescido de
alguns novos poemas.


Basta, Coração!

Onde jaz, coração, meu peito é morto.
Uma pétala pálida - eis a pele.
Em ardências de vela esvai-se o corpo.
Do porto inútil parte um sol de neve.

Horizontalizaram-se as ladeiras.
Os horizontes viram-se sem prumo.
Os fios desaliaram-se das teias.
O Deus de todos debandou do mundo.

Quanta lágrima súbita? Nenhuma.
O mesmo pranto paira e espraia a bruma.
Mas o olhar sobra ao choro cego e vê.

Nem sei se a vida vale a flor que espreito.
Coração, tem-me à força em dor sem jeito.
Eu morro de vergonha de você.

(Luís Antonio Cajazeira Ramos)

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Véspera do dia dos mortos

Eu não amei meu pai como devia.
Houve o dia de amá-lo e não o amei.
Ele morreu, e não nasci ainda.
Amanhã levantei sem seu amor.

Nenhum conselho amigo soa seu.
Uma vida padrasta me acompanha.
Meu caminho não quis olhar pra trás.
Tão longe de meu pai me abandonei.

Nem meu, nem de ninguém, nunca fui seu.
Não me quis dar a quem eu estranhava.
Só teu colo, mamãe, era aconchego.

Do pai, resta-me um calo de silêncios.
Ai, arranco do peito o corpo estranho.
Coração, cava o chão, busca meu pai.

(Luís Antonio Cajazeira Ramos)

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