Minha manhã estava sendo linda, era um começo de primavera, e via as flores que ressurgiam dos canteiros que rodeava a estrada de barro que me ligava ao trabalho, eu ficava olhando a estrada durante alguns minutos, até que uma senhora sentou ao meu lado, com seus cabelos grisalhos e um sorriso falsário no rosto, dava para perceber a que mesmo com um espírito alegre que rondasse sua face. Ela era triste, por que seus olhos azuis feitos o mar num dia de verão com o sol brilhante, sua alma que dentro daqueles olhos estavam, mostravam que aquela mulher era triste, uma tristeza que se misturava com a alegria, esta que vinha de uma família que formara. De seus netos que os deixou brincando no quintal entre os coelhos e o cachorro de estimação, de seu filho que foi trabalhar e no final daquela tarde ao retornar daria um beijo nele e abraçaria sua nora, esta por sinal, havia saído a pouco para trabalhar e ao revê-la perguntaria como foi o dia. Sua tristeza não parecia que surgiu de sua viúves, nem de um casamento infeliz, do qual ela nunca se arrependeu, ela sempre foi muito amada e gostava do esposo, o qual lhe deu um lar e construiu uma família. Essa tristeza era de um amor do passado que nunca conseguira esquecer, um amor que nunca mais encontrou, e no passado não conseguiu deixá-lo, não foi simplesmente um namorico de infância, algo volátil. Foi algo que ficou marcado para sempre feito dermopigmentação duradoura.
Acabei perdendo a hora e passando o ponto, mais isso pouco me importava naquele momento, por que algo mais importante havia acontecido.
Somente em olhar no fundo dos olhos daquela senhora, senti a tristeza como se fosse minha, sentir como se também fizesse parte aquela vida. Desse dia em diante acabei sendo triste também.
Ramon Morays
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